No Brasil, o combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento de atividades ilícitas é uma prioridade. O COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) atua como órgão de inteligência financeira, recebendo informações de bancos e instituições para identificar operações suspeitas. Mais do que vigiar pessoas, o COAF cumpre uma função legal: garantir que o sistema financeiro não seja usado para fins criminosos.

Por que isso importa?

Muitos acreditam que apenas grandes empresários ou políticos entram no radar do COAF. Mas a realidade é diferente: qualquer cidadão pode ser monitorado se realizar movimentações fora do padrão ou incompatíveis com sua renda declarada. O objetivo não é punir automaticamente, mas sim levantar sinais de alerta que podem ser investigados.

As 8 movimentações que chamam atenção

Segundo o COAF, existem oito tipos de operações que podem gerar comunicação obrigatória pelos bancos:

1. Depósitos ou saques em espécie de alto valor

  • Exemplo prático: Um trabalhador que recebe salário via transferência bancária, mas de repente passa a depositar R$ 50 mil em dinheiro vivo.
  • Conclusão aplicada: O COAF entende que movimentações em espécie acima do padrão podem indicar tentativa de ocultar a origem do dinheiro.

2. Transferências frequentes para contas de terceiros

  • Exemplo prático: Uma pessoa transfere valores todos os dias para diferentes contas sem vínculo familiar ou comercial aparente.
  • Conclusão aplicada: Esse tipo de prática pode ser usado para “espalhar” recursos ilícitos, dificultando o rastreamento.

3. Movimentações incompatíveis com a renda declarada

  • Exemplo prático: Um autônomo que declara renda mensal de R$ 3 mil, mas movimenta R$ 100 mil em sua conta em poucos meses.
  • Conclusão aplicada: O COAF considera incompatibilidade entre renda e movimentação como sinal de possível lavagem de dinheiro.

4. Uso de contas de “laranjas”

  • Exemplo prático: Um empresário movimenta valores em nome de parentes que não têm relação com seus negócios.
  • Conclusão aplicada: Essa prática é típica de quem tenta ocultar a verdadeira origem e destino dos recursos.

5. Operações fracionadas

  • Exemplo prático: Em vez de depositar R$ 100 mil de uma vez, a pessoa faz 20 depósitos de R$ 5 mil em dias diferentes.
  • Conclusão aplicada: O fracionamento é visto como tentativa de escapar dos limites de comunicação automática dos bancos.

6. Conversão rápida de ativos

  • Exemplo prático: Alguém compra um carro de luxo e o revende em menos de um mês, sem justificativa plausível.
  • Conclusão aplicada: Movimentações rápidas de bens podem ser usadas para dar aparência de legalidade ao dinheiro.

7. Remessas internacionais suspeitas

  • Exemplo prático: Uma pessoa envia valores elevados para o exterior sem ter negócios ou familiares fora do país.
  • Conclusão aplicada: O COAF considera esse tipo de operação como potencial forma de ocultar recursos ilícitos em outros países.

8. Aplicações financeiras atípicas

  • Exemplo prático: Um investidor iniciante aplica grandes valores em fundos de alto risco sem histórico de experiência.
  • Conclusão aplicada: Investimentos fora do padrão podem ser usados para disfarçar a origem do dinheiro.

O papel das instituições financeiras

É importante destacar que os bancos não escolhem quem monitorar. Eles são obrigados por lei a comunicar movimentações que se enquadrem nesses critérios. O COAF, por sua vez, cruza essas informações com outros sistemas públicos para identificar padrões e possíveis irregularidades.

Como se proteger?

A melhor forma de evitar problemas é simples: manter transparência nas operações financeiras. Declarar corretamente rendimentos, justificar movimentações maiores e evitar práticas que possam ser interpretadas como tentativa de ocultação são atitudes essenciais.

Conclusão

O COAF não é um “vigia” pessoal, mas sim um guardião do sistema financeiro. Entender quais movimentações podem gerar alerta ajuda cidadãos e empresas a agirem com mais segurança e responsabilidade. Afinal, prevenção e clareza são as melhores formas de proteger sua reputação e seus negócios.

Fonte: Jornal Contábeil